Entrevista

Paula Mascarenhas: “A gente conta com o bom senso das pessoas”

Ao DP, prefeita de Pelotas fala do monitoramento da situação climática e pede compreensão da população para seguir alertas oficiais

Foto: Gustavo Vara - Ascom - Prefeita comunica que o número 3309-6003 é o destinado para cadastramento de voluntários em Pelotas, direto com a Prefeitura, via WhatsApp

Por Gustavo Pereira e Lucas Kurz

Em entrevista concedida ao Diário Popular no início da noite desta quarta-feira (8), a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas (PSDB), falou sobre o monitoramento da situação climática. A gestora pediu compreensão da população para seguir os alertas emitidos por canais oficiais diante do grave cenário projetado.

"O que nos preocupava mais era a mudança de vento. Do meio para o final da tarde, virou para vento sudoeste e deve virar para sul e sudeste nas próximas 24 horas, o que nos leva a uma situação mais crítica. Isso vem acompanhado de uma elevação do Canal São Gonçalo, que já está em 2,48m", afirmou a gestora.

Questionada a respeito do alerta emitido pela Metsul, Paula ressaltou que o Município atua em conjunto com equipes de profissionais de outros locais. "Estamos acompanhando as previsões da Meteorologia da UFPel, com os hidrólogos da UFPel, que estão em contato com o pessoal da Furg, da UFRGS, e estamos trabalhando permanentemente com eles. Não estou acompanhando outros canais para não entrar em contradição, e tudo que esses profissionais aqui previram está se confirmando. Nossa projeção de dados foi feita com base nesses dados", disse.

Confira mais trechos da entrevista ao DP.

Cenário atual

"É um momento mais crítico. Fiz uma live pedindo que as pessoas seguissem nossa recomendação desde ontem [terça], principalmente o pessoal do Valverde [no Laranjal], a primeira área a ser mais afetada. A gente segue pedindo essa precaução que pode ser o diferencial ali na frente".

Pessoas estão se negando a sair de casa?

"A gente vem notando menos resistência do que costuma acontecer. Sempre tem resistência. Dessa vez um pouco menos, porque as pessoas estão assustadas. Mas sempre há aqueles que resistem. Estamos com problemas sérios na rua Nova Prata [no Laranjal], inclusive hoje [quarta] foram lá uma promotora de Justiça e uma assistente social. Eles não só não saem, como desmontam as barreiras montadas pelo Sanep. Eles estão muito vulneráveis naquele local".

Um pedido

"A gente conta com o bom senso das pessoas. A ideia é protegê-las".

Voluntários e doações

"Temos um canal de cadastramento de voluntários com mais de mil pessoas cadastradas. É importante fazer o cadastramento para a gente ter o controle. Temos sido procurados. As secretarias, a Prefeitura, a Defesa Civil, os canais da Guarda Municipal, o Sanep, podem ser procurados, para quem quer dar outro tipo de ajuda. Na Estrada do Engenho estamos recebendo um apoio privado de empresários. Reforçamos ainda mais [as barreiras]. Produtores de arroz estão nos ajudando com o empréstimo de geradores e bombas para duplicar a nossa capacidade das bombas lá na beira do canal, tanto no Anglo quanto na casa leste. E estamos recebendo muitas doações".

"Não temos necessidade de roupa e de água. A gente precisa muito de itens de higiene pessoal, roupas íntimas. E claro, alimentos também. A gente pede que isso seja levado à Secretaria de Assistência Social (Deodoro 404). E que aquele pessoal que quer doar marmitas que procure a Secretaria de Assistência Social. Ontem a gente recebeu comida pronta demais, e acaba que não se aproveita".

A prefeita comunica que o número 53 3309-6003 é o destinado para cadastramento de voluntários em Pelotas, direto com a Prefeitura, via WhatsApp.

Não há risco na barragem Santa Bárbara

"Na barragem não há risco de ruptura. Não há o menor risco. Está cheia. Ela recebe água de rios da região, então ela verte. É a posição mais comum da barragem. Isso vai para o canal Santa Bárbara. A gente tem uma atenção para o canal Santa Bárbara. Está dentro dos parâmetros, sob controle. Temos uma preocupação com a Lagoa Mirim, que no Canal São Gonçalo começa a não dar vazão para o Santa Bárbara. Por enquanto a Vila Farroupilha não está em alerta vermelho, mas estamos monitorando".

Compreensão

"Entendo a angústia das pessoas. Sair de casa sem saber por quanto tempo é muito ruim, angustiante. Estamos acompanhando a ciência. Os pesquisadores, especialistas, estão ao nosso lado. A gente não está no achômetro e vamos comunicando tudo que eles nos disserem. Temos previsão de entrar em um momento crítico no fim de semana. Depois disso vamos ter que ir vendo. Como fica, como vão baixar essas águas do Guaíba, por quanto tempo. É muito incerto, a gente não pode iludir ninguém. A gente pode se comprometer de diariamente passar informações, sem omitir nenhuma informação, para que as pessoas possam organizar suas vidas dentro desse contexto de muita anormalidade".

"Nesse momento, informação de qualidade é imprescindível. Tem muita fake news, muita desinformação, até de pessoas que querem ajudar".

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